Essa postagem me veio à cabeça quando defini o título do blog. “Será que alguém vai ler “Kenshin” Alagoano?”. Então, depois de refletir um pouco, resolvi fazer algumas considerações.
Uma coisa que sempre achei engraçada é a semelhança das palavras kenshi e Kenshin: kenshi é o nome que costumeiramente se dá aos praticantes de kendô e Kenshin é o nome de um, bastante popular, personagem do mangá e anime Samurai X (Rurouni Kenshin no Japão) do autor Nobuhiro Watsuki.
Sendo o personagem Kenshin muito mais popular do que o kendô, ao menos no Brasil, e considerando que a vasta maioria dos brasileiros não fala japonês — particularmente fora das regiões de alta concentração de imigrantes e descendentes de japoneses — é muito comum e até compreensível que mesmo praticantes de kendô confundam a palavra kenshi com Kenshin.
Porém a relação dos kenshis brasileiros com o personagem Kenshin vai além da mera semelhança das palavras; muitos, especialmente não descendentes de japoneses, tiveram seu primeiro contato com o que lhes parecia ser o kendô através de Samurai X — um fato que muitas vezes chega a ser explorado comercialmente por organizações, digamos, menos escrupulosas — e são várias as histórias de adolescentes que perguntavam aos senseis ou senpais de seus dôjôs quando iriam aprender o Amakakeru Ryū no Hirameki ou “o pulo do Kenshin” (dica: nunca).
![marvel_vs__capcom_3__yahiko_myojin_by_kingoffiction-d8vfmdo](http://kenshialagoano.kendobrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2018/03/marvel_vs__capcom_3__yahiko_myojin_by_kingoffiction-d8vfmdo.png)
Talvez nem todos os fãs do mangá que vão em busca do kendô para se tornarem “Kenshins” se satisfaçam com a realidade de ser um kenshi: sem pulos altos, golpes na velocidade da luz ou hadokens (pegando emprestado um termo de outra franquia de ficção que fez parte da minha infância). Isso também não significa que devamos ter preconceito, é bastante possível que, após aprender a separar a ficção da realidade, essas pessoas podem acabar se interessando verdadeiramente pela arte marcial (meu caso, inclusive).
Alguns podem ver o uso da palavra “kenshin” para se referir aos kenshis como algo risível, mas, a final, pergunto a todos os que se interessaram pelo kendô por causa de mangás, animes, filmes ou seriados… não seríamos todos um pouco Kenshins?
Por fim, quero aproveitar para indicar a leitura do artigo “Samurai X” do blog “Tsurugi no Michi — O Espírito Marcial”, do kenshi (e não necessariamente Kenshin) Ben Yagi. O artigo comenta o roteiro do mangá e reflete sobre sua influência no interesse dos jovens pelo kendô. Aliás, recomendo a leitura do blog inteiro, portanto já coloquei um link aí na lateral da página, vale a pena.
![Ops, Kenshi errado!](http://kenshialagoano.kendobrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2018/03/kenshi-mortal-kombat-x-8-07.jpg)